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    Home»Ensaio»Resenha do Romance “Um herói que não existe”, de Zaiby Manasse
    Ensaio

    Resenha do Romance “Um herói que não existe”, de Zaiby Manasse

    Daúde AmadeBy Daúde Amade29/11/2023Updated:04/12/20231 comentário5 Mins Read
    Um herói que não existe - Zaiby Manasse  
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    A obra em apreciação “Um herói que não existe” de Zaiby Manasse é um romance policial clássico publicado no dia 09 de Outubro de 2023, na Biblioteca Central da Universidade Pedagógica em Maputo, sob a chancela da Editora Kulera. Esta obra apresentada por Dionísio Bahule e Paulo Chihale, conta com 224 páginas e 12 capítulos cujos títulos estão em numeração latina.

    Quanto ao seu autor Zaiby Husay Gulamo Manasse, também conhecido como Aldino O diferente, é um poeta e prosador romancista licenciado em Medicina Geral pela Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Lúrio em Nampula. Referentemente a sua escrita aperfeiçoada ao longo da sua licenciatura, se pode afirmar que o caso de Manasse é, até um certo ponto, prestigiável por ter publicado: “O mel do meu passado presente” (2013) e “Devaneios ensanguentados pela globalização” (2014), por ter feito jus ao ditado: “Não tenha pressa mas também não perca tempo”.

    Como romancista tem publicado: “A caneta do balcão 1” (2020), “O entroncamento” (2021) e por fim, “Um herói que não existe” (2023), ambos romances publicados pela Editora Kulera. Aqui, conforme dito anteriormente, privilegia-se e aprecia-se o romance policial clássico: “Um herói que não existe”.

    “Um herói que não existe”, é uma narrativa que transporta o leitor para um mundo alternativo criado pelo estado de coma no subconsciente de Omatac que, na tentativa fracassada de salvar uma menina de raptores é baleado e fica em coma por três meses, período que o permite construir e remodelar um mundo alternativo em Womelo, onde narra-se a busca policial por uma heroína misteriosa que surge para combater a onda de raptos, assassinando os raptores com recursos a métodos medievais.

    Manasse nesta obra apresenta-nos, em parte, uma estratégia narrativa diferente das demais – expressa por meio do subconsciente de Omatac, uma personagem que esteve em coma por três meses encarnando na sua subconsciência como Catamo, o vínculo entre o subconsciente da busca policial por uma heroína assassina de raptores que ocupa as primeiras 212 páginas, correspondentes aos 11 capítulos, com o desaparecimento do estado de coma, a narração as últimas 11 páginas que situam a história que faz jus ao título da obra, o décimo segundo capitulo.

    Pode até se entender que os 11 capítulos fazem jus a mão da mulher representada com o pulso e uma espada ensanguentada na capa, mas fazer o seu leitor ler 212 páginas para depois descobrir que a história do herói que não existe só é contada nas restantes 12 páginas que correspondem ao décimo segundo capítulo, Manasse exagerou na dose criativa.

    Nestes degustáveis 11 capítulos na companhia do último capítulo, correspondendo as 224 páginas, apresentam uma inovação cuja repercussão demostra que ainda há espaço para novas tendências e que o leitor ainda não viu de tudo e nem, possivelmente, deparou-se com situações parecidas pelo estilo de escrita.

    “Um herói que não existe”, logicamente apresenta uma organização de conteúdos e coerência textual como todas as obras de ficção policial mas também apresenta inconsistências na passagem de uns capítulos para outros, momentos interrompidos que a posteriori são descontinuados por parte do narrador em função das personagens redondas que passam para outros capitulo desempando outras funções com lacunas das anteriores, o que nos estudos linguísticos chamar-se-ia de sintaxe torturante mas não na sua plenitude pois quando o narrador os recorda, os concilia a narração.

    Voltando para a capa, elemento que mais atrai o leitor a degustar de um livro, temos uma relação paradoxal entre o título e a imagem apresentada, primeiro pela mão que empunhou a espada ensanguentada ter uma unha pintada e um pulso na mão direita, o que socialmente é associado a mulher enquanto o título retrata um herói, um homem e não uma heroína.

    Por conseguinte, o facto de ter-se no título um indício utópico de tratar-se de um mundo repleto de actos heróicos, evidencia-se em “Um herói que não existe”, a problemática da (in)existência de um herói, o que só aparece para (des)construir a necessidade de falar ou de ler-se “Um herói que não existe”, por não se constatar logo de primeira a lógica cronológica da história narrada em função de uma realidade alternativa, ou seja, pela ficcionalização da ficção.

    Evidencia-se também a alegoria dos nomes, esta que, produz a virtualização da significação na ideia de transmitir mais de um ou mais sentidos além da literal. A exemplo disto, temos nomes e expressões aludidas como: Hashäshïn no Alamut, Mavura, os soldados de Belzebu, espadas da Lisa Bever, Afzat Bassa, Kalitus Mazera 1907, Zotho, Anjo Gabriel, Catamo, Zumbi dos palmares e mais.

    Dentre estes aspectos, há vários outros pontos que podem ser mencionados nesta obra, a exemplo da intrusão obsessiva do narrador, a ideia do socialismo heróico, a construção superficial dos espaços sociais, a construção tautológica das personagens polícias, a performance diferida do detective Roberto, a ficcionalização da ficção, degradação dos espaços polícias, o lugar da midia, o fraseado policial, a subversão policial e a problematização da figura da heroína.

    Em suma, o uso da numeração latina (Autem, Duo, Tribus, Quattuor, Quinque, Sex, Septem, Octo, Novem, Decem, Undecim e Duondecim) em uma obra como esta, pode subverter a intenção do autor na interpretação linguística pelo facto das mesmas existirem em outras línguas cujos significados podem ser diferente do contexto arbitrário da obra, algo que poderia ser precavido com alguma nota de apresentação anexada ao livro, na orelha ou em alguma separata improvisada para informar ao leitor embora haja a teoria (des)construcionista, para estes fins. Por outro lado, o exagero na dose descrita nos parágrafos anteriores por parte do autor pode levar o leitor a imprecisão no processo de leitura conciliada a alusões sem descrições claras do seu emprego na obra, correndo o risco de pensar-se que o foco da obra centra-se no mundo alternativo. Embora com estas constatações, recomendo a sua leitura.

    Por: Deus Taimo

    Estudante finalista do curso de Literatura Moçambicana na FLCS-UEM.

    Correio electrónico: deusjoaojosetaimo@gmail.com

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    1 comentário

    1. Carmen Kaya on 12/12/2023 9:16 pm

      Eu li o livro dentro de um dia de tão envolvente que me foi a narrativa. Simplesmente não conseguia parar num capitulo. Foi uma história que me deixou feliz, desesperada e revoltada com a realidade cada vez que encontrava na ficção um tapa na cara para a realidade do nosso país. Amei.

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