Close Menu
    Facebook X (Twitter) Instagram WhatsApp
    Quarta-feira, Maio 21
    Facebook X (Twitter) Instagram
    Tenacidade das PalavrasTenacidade das Palavras
    • Início
    • Livros
    • Ensaio
    • Crónica
    • Literatura
    • Romance
    • Entrevista
    • Poesia
    • Música
    • Conto
    • Biografia
    • Filmes
    Tenacidade das PalavrasTenacidade das Palavras
    Home»Romance»O Crime Transnacional Organizado em “Zero Sobre Zero – O Espião que veio de Kigali” de Aurélio Furdela
    Romance

    O Crime Transnacional Organizado em “Zero Sobre Zero – O Espião que veio de Kigali” de Aurélio Furdela

    Fernando ChaúqueBy Fernando Chaúque04/12/2023Sem comentários3 Mins Read
    Zero Sobre Zero - Aurélio Furdela
    Share
    Facebook Twitter LinkedIn Pinterest Email

    O Crime Transnacional Organizado em “Zero Sobre Zero – O Espião que veio de Kigali” de Aurélio Furdela

    Dois departamentos moçambicanos de Investigação Criminal, um actuando de forma confidencial e discreta, o DEOPE, e o outro actuando de forma publicamente identificada, o SERNIC, cruzam-se, chocam-se, na resolução de um crime. As razões dessa tensão são óbvias: ninguém conhece o DEOPE, nem leitor, nem o SERNIC, e isso torna aquele Departamento suspeito aos olhos do SERNIC.

    O romance policial “Zero Sobre Zero”, de Aurélio Furdela, compromete-se, do seu início ao fim, a tratar de uma investigação criminal. Todos os seus personagens estão directa ou indirectamente ligados aos assassinatos em investigação. Qualquer recurso à analepse tem por propósito explicar ou consubstanciar os eventos do presente da narrativa, e não de desenvolver uma outra linha temática distanciada do assunto criminal em pauta no romance. Ou seja, o narrador não mostra nenhum interesse em dar destaque a temas que não estejam ligados ao crime.

    Uma das novidades do enredo é a sua dimensão internacional do crime em investigação. Se, por um lado, o SERNIC investiga o assassinato “acidental” de um cidadão ruandês em território moçambicano, por outro, o DEOPE investiga a chegada clandestina, por isso suspeita, de um Agente Ruandês de Operações Supra-especiais, numa altura em que, no enredo, Ruanda fornece sua ajuda militar para a contenção dos ataques em Cabo Delgado.

    Estes cenários colocam o DEOPE em suspeição, forçando os agentes Lioste e Vinheta a considerarem a máxima emblemática das Relações Internacionais: “Não há almoços grátis”. Por esta razão, o agente do DEOPE, Lioste, chega a declarar: “Toda a cooperação entre Estados guarda uma agenda oculta”. Assim, os agentes secretos optam por uma investigação que evite a escalada de uma crise diplomática bilateral entre Moçambique-Ruanda.

    Ao longo das investigações desenvolvidas, tanto pelo SERNIC quanto pelo DEOPE, descobre-se que o assassinato inicial era só uma linha ora costurada num tecido mais abrangente de crimes, com forte envolvimento de Altas Individualidades Moçambicanas, revelando vítimas ruandesas, etíopes, burundienses, somalis, e, até, nigerianas.

    A disposição estética e linguística de “Zero Sobre Zero” é reveladora de um sofisticado capital lexical do seu autor, com mais de vinte anos de carreira literária. Conforme  alicerçado por Lubliner e Smetana (2005), o capital lexical (riqueza de vocabulário) é igualmente um factor determinante da qualidade de escrita. Assim, quanto maior for esse capital, tanto maiores são os recursos disponíveis para seleccionar vocabulário preciso e evitar repetições lexicais.

    A verosimilhança com que os diálogos são construídos em Z.S.Z é de uma leitura fascinante, que pendulam entre a linguagem formal, informal e ultrajante, sabendo a temperos do Português de Moçambique, com uma doze de ironia que, mesmo sem pretender, provoca um humor sutil.

    “Zero Sobre Zero” inscreve-se, certamente, na categoria de um romance policial, com características que o singularizam e, inclusive, o distanciam dos demais romances moçambicanos classificados, também, como policiais (Rabhia, Mundo Grave, A Legitima Dor da Dona Sebastião, entre outros). Neste sentido, a questão do género policial, muito fértil e tímido na literatura moçambicana, encontra a sua síntese na epígrafe de Todorov: “O gênero policial não se subdivide em espécies. Apenas apresenta formas historicamente diferentes.” Boileau-Narcejac (1964).

     

    Referências

    Lubliner, S. & Smetana (2005). Getting into Words. Vocabulary Instruction that Strengthens Comprehension. Baltimore: Paul H. Brookes.

    Todorov, T. (2003). Tipologia de Romance Policial.” In, As Estruturas Narrativas. São Paulo: Perspectiva.

     

    Por: Gerson A. S. Pagarache

     

     

    Todas as novidades no seu email!

    Verifique na sua caixa de correio ou na pasta de spam para confirmar a sua subscrição.

    Crime Romance
    Share. Facebook Twitter WhatsApp Reddit Email
    Fernando Chaúque
    • Website
    • Facebook
    • Instagram

    FERNANDO ABSALÃO CHAÚQUE Licenciado em Ensino de Língua Inglesa pela Universidade Pedagógica de Maputo, é professor de profissão. É também escritor, autor do livro “Âncora no Ventre do Tempo” (2021), Prémio Literário Alcance Editores, edição de 2019, e co-autor das seguintes obras: “Barca Oblonga” (editora Fundza, 2022), “Mazamera Sefreu” (editora Kulera, 2023) e “Atravessar a pele” (Oitenta Noventa, 2023). Fez parte dos livros “Os olhos Deslumbrados” (FFLC, 2021); “Um natal experimental e outros contos” (Gala Gala edições, 2021).

    Artigos relacionados

    Escrever incertamente para vagabundos

    20/09/2024

    15 Excertos de “Névoa na Sala”, de Mélio Tinga

    16/08/2024

    Os Melhores Livros de Paul Auster

    03/05/2024
    Leave A Reply Cancel Reply

    Siga-nos
    • Facebook
    • Instagram
    Leia mais
    Ensaio

    Crime nas Correntes d’escrita: do proibido ao publicado

    By Tenacidade das Palavras17/05/20250

    Li recentemente o polémico livro que prometia uma acção judicial “crime nas correntes d’escrita” do…

    Entre o 1 e o 2, um abismo

    16/05/2025

    Colector de vírgulas

    16/05/2025

    Mataram o nosso chefe?

    05/05/2025

    O Diálogo das coisas

    02/05/2025

    Coisas sobre as quais urge reflectir

    02/05/2025

    João Paulo Borges Coelho/Tahar Ben Jelloun/V.S. Naupaul (ou Existências Africanas)

    28/03/2025

    Christian Malheiros: eterno Nando da Vila Áurea

    19/03/2025
    Artigos recentes
    • 20 Livros de Poesia mais Influentes na Literatura Moçambicana
    • Crime nas Correntes d’escrita: do proibido ao publicado
    • As temáticas de Alda Espírito Santo e a nova literatura São-tomense
    • Entre o 1 e o 2, um abismo
    • Colector de vírgulas
    Crónicas

    Entre o 1 e o 2, um abismo

    16/05/2025

    Colector de vírgulas

    16/05/2025

    O vagão que dialoga

    17/03/2025
    Livros

    20 Livros de Poesia mais Influentes na Literatura Moçambicana

    19/05/2025

    Mario Vargas Llosa: 8 livros essenciais

    02/05/2025

    Um mergulho pel’Os Cus de Judas, de António Lobo Antunes

    27/02/2025
    Entrevistas

    “A morte e o amor são os grandes temas da humanidade”, Entrevista a Mélio Tinga sobre “Névoa na Sala”

    11/09/2024

    Jon Fosse, Prémio Nobel de Literatura de 2023: “Prefiro viver da maneira mais entediante possível”

    16/12/2023

    “O ‘Incêndios à Margem do Sono’ é um livro nocturno” – Entrevista a Óscar Fanheiro

    05/10/2023
    Facebook X (Twitter) Instagram Pinterest WhatsApp
    © 2025 Tenacidade das Palavras.

    Type above and press Enter to search. Press Esc to cancel.