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15 Romances Moçambicanos para (re)ler em 2024

 

A literatura moçambicana tem sido um reflexo vívido da riqueza cultural e histórica do país, abordando uma variedade de temas que vão desde a luta pela independência até as questões sociais contemporâneas. Neste artigo, apresentamos uma selecção de 15 romances moçambicanos para (re)ler em 2024, cada um oferecendo uma visão única da vida, história e cultura de Moçambique.

  1. No verso da cicatriz – Bento Baloi
15 Romances Moçambicanos para (re)ler em 2024
No verso da cicatriz – Bento Baloi

 O segundo romance de Bento Baloi, intitulado No Verso da Cicatriz, lançado pela editora Ideia Fixa em Portugal e pela Índico em Moçambique, segue os eventos históricos de Moçambique de 1974 a 1992. Este período abrange desde a assinatura do Acordo de Lusaka entre Portugal e a FRELIMO até o Acordo de Roma, que encerrou a Guerra Civil Moçambicana.

Dividido em três partes (A Ferida, O Sangue e A Cicatriz), o enredo percorre diversas regiões do país, desde Maguaza até Carico, incluindo Xai-Xai, Inhambane, Quelimane e Teto Chegando, até a fronteira entre Moçambique e Malawi.

A história central deste livro gira em torno de Bernardo Penicela Muhlanga e Maria Helena, naturais de Maguaza, cujas vidas reflectem as experiências da comunidade das Testemunhas de Jeová em Moçambique a partir do meio do século XX. No entanto, a narrativa vai além desse foco, abordando questões de fé e eventos sociais mais amplos.

No Verso da Cicatriz foi premiado na primeira edição do Prémio Literário Mia Couto.

Bento Baloi nasceu em 1968 na cidade de Maputo. É jornalista há 30 anos. Fez iniciação literária escrevendo contos e poemas. Dedicou-se também ao teatro. São da sua autoria as peças “Lágrimas”; “Grito Humano”; “Adão e Eva, Ámen”; “Alarme” “Katina P, “o Flagelo”, entre outras. Escreveu os bailados “O Filho do Povo” e “Raízes e Percursos”. “Recados da Alma” é o seu romance de estreia publicado em 2016. Publicou pela Índico Editores em 2021, o livro de crónicas “Arca de Não É”.

  1. Museu da revolução – João Paulo Borges Coelho
Museu da revolução – João Paulo Borges Coelho

 Museu da Revolução de João Paulo Borges Coelho é um romance cujo protagonista é uma nação: Moçambique. Nesta obra, os personagens mergulham na história de Moçambique, desde os tempos da luta pela independência no século XX. Neste retracto contemporâneo do país, os leitores são levados não apenas a uma jornada temporal, mas também a uma exploração geográfica que abrange vários países com vínculos diversos com Moçambique.

A epígrafe do romance é um verso do poema Some there be de autoria da poeta sul-africana Ingrid de Kok: “Podem os esquecidos renascer numa terra de nomes?”. Portanto, Museu da Revolução é um livro que se desenrola fundamentalmente ao redor de possíveis respostas a esta questão, indagando discursos passados, presentes e futuros sobre a vida e a história de célebres e anónimas personagens, tornando-o uma leitura fundamental em Moçambique, no Brasil e no mundo.

João Paulo Borges Coelho é escritor e historiador moçambicano. Ensina História Contemporânea de Moçambique e África Austral na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo. Recebeu em 2004, com o romance As Visitas do Dr. Valdez, o Prémio José Craveirinha da Literatura. Com O Olho de Herzog recebeu o Prémio Leya 2009. A sua obra literária inclui ainda outros romances como (As Duas Sombras do Rio, 2003; Crónica da Rua 513.2, 2006; e Campo de Trânsito, 2007), dois volumes de estórias da série Índicos Indícios (Setentrião e Meridião, ambos de 2005; e uma novela (Hinyambaan, 2008) e outros.

  1. A biblioteca debaixo da cidade – Adelino Timóteo
A biblioteca debaixo da cidade – Adelino Timóteo

A biblioteca debaixo da cidade, o mais recente livro do escritor beirense Adelino Timóteo que saí em uma edição de autor. Segundo Carla A. Ferreira, docente da Universidade Federal de São Carlos (Brasil): «O segredo de Susana apresentado pela vida do marido Mendes dos Remédios traz personagens ilustres e outros comuns, em sua humanidade e intimidade, para uma trama elaborada com maestria por meio da metalinguagem: a narrativa apresenta a combinação de géneros como cartas, poemas, páginas de diários; reflecte sobre o fazer poético, sobre as funções e repercussões de um livro em sua materialidade; e lida brilhantemente com a intertextualidade. A prosa ainda combina um tom de realismo ao gosto do século XIX a um estilo contemporâneo, o que faz de Adelino Timóteo um autor que enobrece a literatura Moçambicana, avança suas fronteiras geográficas e se coloca ao lado de grandes nomes da literatura do tempo presente. Sua ficção que transita entre o local e o mundial bem revela o que declara António Cândido quando escreve que “embora filha do mundo, a obra é um mundo. Adelino oferece-nos em A Biblioteca debaixo da Cidade o prazer recalibrado que grandes obras literárias em si encerram. Uma leitura, portanto, obrigatória, fundamental e amplamente prazerosa.»

Adelino Timóteo nasceu em 1970, na Beira, em Moçambique. É formado na área de docência em língua portuguesa, mas não exerceu a profissão. Ingressou no Jornalismo em 1994, na cidade da Beira, no Diário de Moçambique, e, mais tarde, tornou-se correspondente do semanário Savana, da mesma cidade. É licenciado em Direito e exerce a função de jornalista no semanário Canal de Moçambique, também da cidade da Beira. Escritor, com 24 obras publicadas. Além disso, é artista plástico e já realizou diversas exposições individuais, em Moçambique e no estrangeiro.

  1. Como cavalos e sombras a levitar – Mélio Tinga
Como cavalos e sombras a levitar – Mélio Tinga

Após o seu primeiro romance, “Marizza”, agraciado com o Prémio Literário Imprensa-Nacional Casa da Moeda/Eugénio Lisboa 2020, em 2023, Tinga lançou seu segundo romance intitulado “Como cavalos e sombras a levitar” pelas editoras Exclamação e Cavalo do Mar.

Nesta obra, o leitor é convidado a mergulhar em uma escrita de viés autoficcional, em que o discurso se conecta com a realidade, acompanhando o narrador/personagem em um processo de aprendizado a partir da trama de uma separação. O livro reflecte sobre a impossibilidade de conceber o amor sem a sua contraparte de morte, ou a inocência sem a noção de decadência, em uma espécie de ensaio sobre o inferno.

Mélio Tinga é escritor de ficção e designer de comunicação, tendo seis livros publicados não só em Moçambique, mas também em Portugal e no Brasil.

  1. Assim não, Senhor Presidente – Ungulani Ba Ka Khosa
Assim não, Senhor Presidente – Ungulani Ba Ka Khosa

Assim não, Senhor Presidente é um romance de 204 páginas, que aborda histórias que exploram as disparidades sociais, reflectindo sobre a realidade moçambicana em termos de empatia e relações sociais. As vozes das diferentes personagens da obra são uma expressão da intenção de Ba Ka Khosa em narrar as diferenças sociais presentes no contexto moçambicano.

Numa outra perspectiva, trata-se de um romance em que, mais uma vez, Ungulani mergulha nas questões históricas desde os princípios da construção de Moçambique como país, desmistifica certas questões e apresenta os heróis como meros humanos. A sua narrativa desenvolve-se, de forma contínua, até aos dias actuais.

Ao longo de mais de 30 anos de carreira literária, o autor, que também foi professor de História e Geografia, publicou diversas obras notáveis. Entre elas estão “Ualalapi” (1987), vencedor do grande prémio de ficção moçambicana em 1990, e “Os Sobreviventes da Noite” (2007), que lhe conferiu o Prémio José Craveirinha de Literatura. Além de romances como “Choriro” (2009) e “Gungunhana” (2018). Ungulani também explorou contos infanto-juvenis, como “O Rei Mocho” (2013). O autor recebeu reconhecimento ao longo dos anos, incluindo o Prémio José Craveirinha em 2018. Sua vasta contribuição para a literatura moçambicana é evidente em obras como “Entre as Memórias Silenciadas” (2013), que recebeu o Prémio BCI de Literatura.

  1. Zero Sobre Zero – Aurélio Furdela
Zero Sobre Zero – Aurélio Furdela

Com Zero Sobre Zero, Furdela estreou-se no mundo dos policiais. Em torno do livro, Pagarache afirma que “Zero Sobre Zero” compromete-se, do seu início ao fim, a tratar de uma investigação criminal. Todos os seus personagens estão directa ou indirectamente ligados aos assassinatos em investigação. Qualquer recurso à analepse tem por propósito explicar ou consubstanciar os eventos do presente da narrativa, e não de desenvolver uma outra linha temática distanciada do assunto criminal em pauta no romance. Ou seja, o narrador não mostra nenhum interesse em dar destaque a temas que não estejam ligados ao crime.

A sinopse do livro diz: “Dois departamentos moçambicanos de Investigação Criminal, um actuando de forma confidencial e discreta, o DEOPE, e o outro actuando de forma publicamente identificada, o SERNIC, cruzam-se, chocam-se, na resolução de um crime. As razões dessa tensão são óbvias: ninguém conhece o DEOPE, nem o leitor, nem o SERNIC, e isso torna aquele Departamento suspeito aos olhos do SERNIC.”

 

  1. A Hora Maconde – Marcelo Panguana
A Hora Maconde – Marcelo Panguana

A Hora Maconde é um romance que mergulha profundamente nas batalhas travadas durante a guerra colonial, com foco especial no período em que os guerrilheiros moçambicanos, conhecidos como ‘turras’, atacaram os destacamentos militares portugueses em Cabo Delgado.

A narrativa transporta o leitor para os crepúsculos nas imponentes florestas da região, capturando o momento tenso conhecido como “A Hora Maconde”, que revela o papel crucial desempenhado pelo grupo étnico Maconde na luta pela libertação de Moçambique. Este romance não só retrata a realidade histórica, mas também incorpora elementos de ficção e criatividade para oferecer uma perspectiva única sobre a guerra de libertação.

Publicado pela Alcance Editores, o livro proporciona uma imersão profunda neste capítulo crucial da história moçambicana. Marcelo Panguana, renomado escritor e jornalista moçambicano, nasceu em 30 de Março de 1951, em Lourenço Marques. Reconhecido por obras anteriores, como “As Vozes Que Falam Verdade” e “A Balada dos Deuses”, Panguana recebeu o prestigioso Prémio de Literatura José Craveirinha em 2023, um reconhecimento significativo na cena literária moçambicana.

 

  1. A legítima dor da Dona Sebastião – Lucílio Manjate
A legítima dor da Dona Sebastião – Lucílio Manjate

A legítima dor da Dona Sebastião é um livro escrito pelo escritor moçambicano Lucílio Manjate, editado pela Alcance Editores em 2013 e reeditado pela mesma editora em 2023. Quanto ao género, esta é uma obra que pode ser classificada como sendo policial, se o leitor pretender que o centro do enredo está na investigação da morte da Dona Sebastião, como também pode ser um romance histórico, pois o narrador, no livro, tem a capacidade de nos abduzir e transportar para um período histórico, concretamente, década dos ano 80, período este que marcou bastante a vida das personagem e dá a entender que também deve ter marcado uma geração moçambicana que tenha nascido ou vivido neste período.

Numa barraca antiga do Mercado Museu, na Cidade de Maputo, um grupo composto por José, Alfredo, Amade, Manguana e Dona Sebastião se reúne em um momento atual para uma profunda reflexão sobre o passado. Esta introspecção no tempo, que se desenrola ao redor de uma mesa desgastada, acaba por desencadear uma série de eventos que alteram drasticamente o curso de suas vidas. Enquanto lidam com as revelações sobre a morte de Dona Sebastião, eles são arrastados para uma investigação que envolve todos os que, direta ou indiretamente, estiveram presentes nas barracas do Mercado Museu no dia fatal. Cada história compartilhada, cada personagem apresentado, revela um fragmento da complexa história vivida em Moçambique na década de 80, sendo que uma delas, em particular, emerge como a causa da trágica morte de Dona Sebastião.

Lucílio Manjate nasceu em Maputo, Moçambique, em 1981. Publicou, para além de recensões críticas em jornais e revistas, os seguintes livros de ficção narrativa: Manifesto (2006); Os Silêncios do Narrador (2010); O Contador de Palavras (2012); A Legítima Dor da Dona Sebastião (2013); O Jovem Caçador e a Velha Dentuça (2016); Rabhia (2017), entre outros títulos.

  1. Gole de lâminas – Albert Dalela
Gole de lâminas – Albert Dalela

Gole de lâminas é o romance de estreia de Albert Dalela chancelado pela Ethale Publishing. Este livro é uma proposta que consiste em apresentar o submundo da cidade de Maputo, ou seja, reflectir em torno da complexidade de conceitos e ideias da questão de ser e estar nas zonas suburbanas e na cidade.

O autor, inspirado por escritores que abordam questões absurdas que assolam a humanidade, como Albert Camus, John Fante Sartre, João Paulo Borges Coelho, entre outros, sustenta que a leitura deste romance incita o leitor a reflectir sobre problemas que, muitas vezes, são superficialmente exploradas. Nesse sentido, é imperioso analisar essa diversidade de questões e buscar soluções, embora seja reconhecido que a literatura não ofereça resultados práticos como a ciência.

Albert Dalela nasceu em Maputo, em Fevereiro de 1996. Começou a escrever aos treze anos quando a principal intenção era esboçar rimas musicais. Formou-se em jornalismo no médio e licenciou-se em linguística aplicada pela Universidade Eduardo Mondlane. Foi repórter no Zitimar News. Já colaborou com artigos em jornais e agências de informação. Já publicou contos e recessões críticas em blogues. Actualmente, é colaborador do Observatório do Cidadão para saúde (OCS).

  1. mundo grave – Pedro Pereira Lopes
mundo grave – Pedro Pereira Lopes

A obra “mundo grave” é uma narrativa policial vencedora da 1ª edição do Prémio INCM/Eugénio Lisboa 2017. A sua Sinopse diz: “As férias do inspetor especial, Costley Liyongo, decorriam serenamente na cidade de Inhambane, quando um telefonema do diretor da polícia de investigação criminal lhe deixa claro que, devido a uma emergência, era forçosa a sua comparência no serviço. Num velho prédio, outrora uma espécie de hotel barroco, uma prostituta tinha sido assassinada. Este será o ponto de partida para uma investigação que se irá adensando à medida que os homicídios se sucedem e ganham contornos fantásticos.”

Com uma trama intricada e cativante, este livro é imprescindível para os amantes de romance policial. O mistério que permeia suas páginas é electrizante, e o autor demonstra uma habilidade excepcional na criação de personagens complexos. O leitor será levado a uma montanha-russa de emoções, alternando entre risos, perplexidade e compaixão por Azevedo Marroquim. O protagonista, Costley Liyongo, é um investigador marcado por um passado trágico e repleto de falhas, reflectindo a dualidade da natureza humana. Os elementos sobrenaturais e os assassinatos ao longo da história evocam as cenas de terror de Stephen King, proporcionando momentos de suspense que, apesar de assustadores, são habilmente descritos de maneira elegante e envolvente pelo autor.

Pedro Pereira Lopes nasceu na Zambézia, em 1987, é contador de histórias e poeta, autor de várias obras e vencedor de diversos prémios literários.

  1. A ilha dos Mulatos – Sérgio Raimundo
A ilha dos Mulatos – Sérgio Raimundo

O livro A Ilha dos Mulatos narra a história de uma família de origem portuguesa que reside na Ilha de Moçambique, uma ilha ameaçada de desaparecimento. A trama envolve mortes e investigações, conferindo à narrativa uma atmosfera policial, enquanto cada personagem tem sua própria voz na narrativa. Além disso, o romance reflecte a realidade contemporânea de Moçambique, abordando temas como homossexualidade, adultério, impacto de doenças incapacitantes e a violência enfrentada pela população, como uma referência aos recentes ataques em Cabo Delgado.

Este trabalho literário recebeu o reconhecimento do prémio IN/Eugénio Lisboa (3ª edição). A atribuição do prémio a esta obra ficou a dever-se, no dizer do júri, ao facto de «o autor entrelaçar criatividade e originalidade, com a gestão da polifonia e de fluxos de consciência, numa narração que convoca à preservação da memória sobre a Ilha de Moçambique.»

Sérgio Raimundo nasceu em 1992, em Maputo. Licenciou-se em Filosofia pela Universidade Eduardo Mondlane. Já trabalhou como colunista, jornalista, crítico de literatura e cinema. Em 2015, publicou “Avental de um poeta doméstico”.

  1. Sina de Aruanda – Virgília Ferrão
Sina de Aruanda – Virgília Ferrão

Sina de Aruanda, de Virgília Ferrão é um romance sobre a vida – e quem diz vida também diz morte, a maior sina do ser humano –, por outras palavras, este romance é uma prerrogativa para reflectirmos sobre a vida e seu lado místico, ancorado nos princípios correlacionais entre o espírito e a matéria, muitas vezes absorvidos pelo mundo corpóreo, o mundo das coisas ou, como diria Edmund Husserl, o mundo dos fenómenos, mas A Sina de Aruanda é igualmente um romance de resgate de memórias, um romance de amor, do “verdadeiro” amor, aquele que resiste ao tempo e à morte.

 Além disso, Sina de Aruanda é um romance polifónico, onde diversas vozes coexistem e se entrelaçam, apresentando em paralelo duas histórias que, apesar de separadas por períodos temporais – uma no século XIX e outra no século XXI -, encontram equilíbrio não apenas na sua distribuição, mas na construção e conexão dos microcosmos ou enredos que se entrelaçam.

Virgília Leonilde Tembo Ferrão nasceu em 1986, em Maputo. Graduou-se em direito, em 2008, no Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), e, em 2011, partiu para Melbourne, Austrália, onde fez mestrado em ambiente. É também autora de “O Inspector de Xindzimila”, publicado em 2016 sob a chancela da editora brasileira Selo Jovem, a escritora estreou-se em 2005 com o livro “O Romeu é Xingondo e a Julieta Machangane”.

  1. Ausências, intermitências e outras incompletudes – Valério Maunde
Ausências, intermitências e outras incompletudes – Valério Maunde

Eis a segunda obra do escritor e professor Valério Maunde, Ausência, intermitências e outras incompletudes, que narra a história de amor de Daniel e Vanessa, depois de ter publicado o livro de poemas intitulado “O Mar & Amar”, em 2020.

Esta narrativa explora o amor como pano de fundo, além de abordar temas como traição, amizade, desgosto e as incertezas inerentes à vida, ressaltando a reflexão de que na vida nada é garantido e tudo pode mudar a qualquer momento, com ou sem nossa intervenção. Como afirmado na nota de imprensa, “o amor está onde menos se espera e é como uma planta, que precisa ser alimentada diariamente”.

Ademais, o romance transporta o leitor para os lugares encantadores da cidade de Maputo, incluindo pontos icónicos como o Jardim dos Professores, o Jardim dos Namorados e o deslumbrante Miradouro, permitindo-nos apreciar as belezas dessa metrópole. Pelas mãos do autor, somos apresentados às formas mais românticas de cortejar, seguindo tradições clássicas de amor, como escrever cartas, bilhetes, recitar poemas e trocar livros.

Valério Maunde, natural de Maputo, é professor de Língua Portuguesa, revisor linguístico-literário, guionista, investigador e escritor. Sua obra abrange narrativas de ficção, poesia, radionovelas, crónicas e trabalhos académicos.

  1. Um herói que não existe – Zaiby Manasse
Um herói que não existe – Zaiby Manasse

Um herói que não existe” é um romance policial publicado sob a chancela da Editora Kulera. Esta obra tem 224 páginas e 12 capítulos e é uma narrativa que transporta o leitor para um mundo alternativo criado pelo estado de coma no subconsciente de Omatac que, na tentativa fracassada de salvar uma menina de raptores é baleado e fica em coma por três meses, período que o permite construir e remodelar um mundo alternativo em Womelo, onde narra-se a busca policial por uma heroína misteriosa que surge para combater a onda de raptos, assassinando os raptores com recursos a métodos medievais.

Zaiby Husay Gulamo Manasse, também conhecido como Aldino O diferente, é um poeta e prosador, licenciado em Medicina Geral pela Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Lúrio, em Nampula. Publicou “O mel do meu passado presente” (2013) e “Devaneios ensanguentados pela globalização” (2014).

  1. Os Lobos: uma família goesa – Álvaro Carmo Vaz
Os Lobos: uma família goesa – Álvaro Carmo Vaz

Álvaro Carmo Vaz, depois de “Um rapaz tranquilo” e “Aqui há ópera”, lançou em 2023 a obra “Os Lobos: uma família goesa”.

Em geral, o livro traz Caetano Lobo, um jovem goês que emigra para Moçambique, nos anos 40 do século XX, com a ambição de fazer fortuna. Depois de trabalhar para uma companhia agrária da Zambézia, estabelece-se por conta própria em Quelimane, com a ajuda da mulher e do dote que esta lhe traz.

Na sequência, Caetano Lobo prospera, faz filhos e adora a mais nova, chamada Aurora. Algum tempo depois, a família muda-se para Lourenço Marques e continua a enriquecer. Caetano Lobo, brâmane, mantém o preconceito trazido de Goa, contra pessoas de castas consideradas inferiores, particularmente os sudras, o que o leva a rejeitar o convívio com uma família goesa, os Xavier. Quando a Aurora e o jovem Bruno Xavier se apaixonam, ocorre a tragédia que marca as duas famílias.

 

Em meio à diversidade de estilos narrativos e temas abordados, os 15 romances moçambicanos destacados neste artigo proporcionam uma jornada literária envolvente e enriquecedora. Desde os relatos históricos até as tramas contemporâneas, essas obras oferecem uma oportunidade única de explorar as profundezas da alma moçambicana e sua rica herança cultural. Ao (re)ler esses romances, os leitores têm a oportunidade não apenas de se emocionar com narrativas envolventes, mas também de ampliar sua compreensão da história, da sociedade e da vida em Moçambique

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Fernando Chaúque

FERNANDO ABSALÃO CHAÚQUE Licenciado em Ensino de Língua Inglesa pela Universidade Pedagógica de Maputo, é professor de profissão. É também escritor, autor do livro “Âncora no Ventre do Tempo” (2021), Prémio Literário Alcance Editores, edição de 2019, e co-autor das seguintes obras: “Barca Oblonga” (editora Fundza, 2022), “Mazamera Sefreu” (editora Kulera, 2023) e “Atravessar a pele” (Oitenta Noventa, 2023). Fez parte dos livros “Os olhos Deslumbrados” (FFLC, 2021); “Um natal experimental e outros contos” (Gala Gala edições, 2021).

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