George R.R. Martin é talvez o maior titã da fantasia contemporânea. Os seus livros da série A Song of Ice and Fire capturaram a imaginação do mundo como nada desde a época áurea de Harry Potter. Apesar do final decepcionante da série Game of Thrones, House of the Dragon continua muito popular, e a HBO está actualmente a desenvolver uma série de spin-offs. As pessoas não se cansam da abordagem mais sombria, sangrenta e moralmente cinzenta de Martin aos amados tropos do género.
Ele certamente merece este sucesso. Martin é um escritor excelente, com talento para criar mundos de fantasia vastos, personagens vívidas, intrigas políticas e diálogos rápidos. Isto estende-se para além de ASOIAF para os muitos outros romances, novelas e contos que ele publicou desde que começou, no início dos anos 70. Isto significa que há uma abundância de boas histórias de Martin para os fãs mergulharem. Aqui estão as suas dez obras mais fortes, segundo os utilizadores do site de resenhas de livros Goodreads.
10.Sonho Febril
“Às vezes penso que a humanidade dele é toda oca, uma máscara…” Sonho Febril é a abordagem de Martin a uma história de vampiros, mas com o seu próprio toque distinto. Por exemplo, toda a acção ocorre num barco a vapor a navegar pelo rio Mississippi. O livro foi memoravelmente descrito como Bram Stoker encontra Mark Twain. A história segue Abner Marsh, um capitão de barco a vapor em dificuldades, que recebe uma oportunidade única na vida de comandar o mais magnífico barco a vapor alguma vez construído, o Sonho Febril.
No entanto, o seu misterioso benfeitor, Joshua York, é posteriormente revelado como um imortal chupador de sangue. Esta é uma premissa inerentemente tensa, com Marsh preso no barco com os vampiros. É um livro agradável, embora um tanto ligeiro, faltando a profundidade dos livros de Game of Thrones. Por outro lado, York é pelo menos um vampiro muito mais complexo do que o género geralmente apresenta. As suas motivações são principalmente altruístas, e ele está longe de ser um vilão estereotipado.
“Tronos são conquistados com espadas, não com penas.” Muitos fãs ficaram desapontados quando foi anunciado que o mais recente livro de Martin no universo ASOIAF seria uma história fictícia, em vez do tão aguardado Winds of Winter, mas não há como negar a impressionante amplitude de Fogo e Sangue. O livro mergulha profundamente na rica história da Casa Targaryen, desde a chegada de Aegon, o Conquistador, até aos primeiros dias do reinado do Rei Aegon III. Tem quase 1000 páginas.
O livro é muito meta e é apresentado como se tivesse sido escrito por um estudioso da Cidadela em Oldtown. O facto de ser um texto histórico, em vez de um romance, significa que é obviamente muito mais seco e menos absorvente do que os romances de Game of Thrones. Isto significa que certamente irá deliciar os super fãs de GoT, embora possa ser um pouco inacessível para leitores mais casuais. Por outro lado, o livro contém pelo menos material de fonte para muitos mais spin-offs da HBO.
“Um juramento quebrado mancha para sempre a honra de um cavaleiro.” Os fãs de Game of Thrones que já leram todos os livros da série principal e estão ansiosos por mais devem definitivamente verificar a série Tales of Dunk and Egg, que segue o cavaleiro Ser Duncan, o Alto, e o seu jovem escudeiro, Egg, que secretamente é Aegon Targaryen. Passado quase um século antes dos eventos de A Game of Thrones, a trama desta novela centra-se no serviço de Dunk a Ser Eustace Osgrey durante uma seca no Reach.
Todas as histórias de Dunk and Egg são agradáveis. As tramas são menores em escopo e mais políticas, como as primeiras temporadas de GoT, e esse é também o seu charme. No entanto, as personagens cruzam-se com algumas figuras históricas importantes, como o Corvo de Sangue e Daemon Blackfyre. Um programa da HBO baseado nas novelas está actualmente em desenvolvimento. Se for bem feito, tem potencial para ser ótimo.
“O silêncio é amigo de um príncipe.” O quarto livro de ASOIAF centra-se nas consequências da Guerra dos Cinco Reis. Com a morte do Rei Joffrey e a coroação de Tommen, as lutas pelo poder em King’s Landing intensificam-se. Cersei Lannister lida com a sua nova autoridade, enfrentando ameaças de dentro e de fora da capital. Enquanto isso, Brienne de Tarth embarca numa perigosa missão para encontrar Sansa Stark, que está escondida no Vale sob a proteção de Littlefinger.
O Festim dos Corvos é notável por não apresentar personagens principais como Jon Snow, Daenerys e Tyrion. Em vez disso, as personagens principais aqui são Cersei, Brienne, Sam e Jaime, enquanto Sansa e Arya têm cada uma três capítulos. Isto é tanto uma bênção como uma maldição para o livro. A ausência de Jon e Tyrion é profundamente sentida, mas também é fascinante passar mais tempo vendo as coisas da perspetiva de Cersei, Brienne e Sam. Por esta razão, O Festim dos Corvos é um dos livros mais divisivos de Martin.
“Detesto animais fofinhos.” Esta novela de ficção científica conta a história arrepiante de Simon Kress, um colecionador rico e insensível de animais exóticos. Kress adquire um terrário cheio de Sandkings, criaturas parecidas com insetos com uma mentalidade de colmeia que constroem castelos elaborados e se envolvem em guerras. Fascinado pelo seu comportamento, Kress começa a manipular os Sandkings, colocando-os uns contra os outros em experiências cada vez mais cruéis. Quando perde o controlo das criaturas, o caos instala-se.
Isto é Gremlins em esteroides. Sandkings é sombrio, sangrento e horrível; Martin no seu estado mais irrestrito. Leitores que apreciam este aspeto do seu trabalho provavelmente irão gostar. O destaque é a descrição fascinante dos sandkings. Cada colónia consiste em hordas de ‘móveis’ juntamente com uma única rainha, ou ‘boca’, que não pode mover-se, mas controla os outros através de telepatia. Eles também são capazes de evoluir e adaptar-se ao seu ambiente, ganhando inteligência e capacidade. São como mini versões dos Zerg de Starcraft.
“Outros cavaleiros servem os senhores que os mantêm […] mas nós servimos onde quisermos, para homens cujas causas acreditamos.” The Hedge Knight é a primeira entrada na série Dunk and Egg. A história começa com a viagem de Dunk para Ashford Meadow, onde espera provar o seu valor num torneio. Enquanto Dunk compete no torneio, ele envolve-se num conflito entre casas nobres. Ao longo do caminho, também encontra Egg, que se torna o seu escudeiro.
As novelas de Dunk and Egg são leves e enxutas; esta tem apenas 160 páginas. As personagens são agradáveis e a escrita é clara e envolvente ao longo do texto. A trama é simples, mas prende o interesse do leitor, provando que os livros de Martin não precisam de Caminhantes Brancos ou missões épicas para salvar a humanidade para serem cativantes. O livro culmina numa conclusão satisfatória, enquanto também planta as sementes para futuras aventuras. De facto, Martin diz estar a planear mais entradas na série.
“Mate o rapaz e deixe o homem nascer.” A Dança dos Dragões retoma onde A Tormenta das Espadas terminou e decorre em simultâneo com O Festim dos Corvos. No entanto, foca-se nas personagens principais, como Jon, Daenerys e Tyrion. No Norte, Jon luta com o seu papel como Lorde Comandante da Patrulha da Noite. Do outro lado do Mar Estreito, Daenerys lida com a governação de Meereen. Finalmente, Tyrion Lannister, em fuga após assassinar o seu pai, navega pelo traiçoeiro cenário político de Essos.
O livro é ótimo, carregado de cenas tensas e desenvolvimentos significativos na trama, incluindo vários que foram cortados da série. No entanto, A Dança dos Dragões também é um pouco frustrante, pois constrói muito bem e deixa o leitor a querer mais. Todas estas linhas de história são destinadas a continuar em The Winds of Winter, mas não está claro quando esse livro se materializará. Martin admitiu estar a “lutar” com o texto expansivo, algo que deve ser apenas exacerbado pelas altas expectativas dos fãs.
“A chama mais brilhante lança a sombra mais escura.” A Fúria dos Reis, o segundo livro de ASOIAF, mergulha os leitores no caos que se segue à morte do Rei Robert Baratheon. Com o Trono de Ferro em jogo, múltiplas facções lutam pelo poder. Em King’s Landing, o reinado do jovem Rei Joffrey é ameaçado pelos seus tios, Stannis e Renly Baratheon, que cada um reivindica o trono. No Norte, Robb Stark é declarado rei e busca vingança. Daenerys, da mesma forma, planeia o seu retorno a Westeros do outro lado do Mar Estreito.
A Fúria dos Reis evita impressionantemente a queda de qualidade que pode afetar as continuações, aumentando ainda mais as apostas estabelecidas no livro anterior. Martin também expande grandemente o cenário do seu mundo de fantasia: há mais personagens, mais locais e mais mistérios, desde os Caminhantes Brancos em ascensão até à magia das sombras de Melisandre. Em termos de personagens de ponto de vista, este livro também introduz os favoritos dos fãs Theon Greyjoy e Ser Davos Seaworth.
“Se vais tirar a vida de um homem, deves-lhe olhar nos olhos e ouvir as suas últimas palavras.” A magnum opus de Martin começa de forma simples, com Ned Stark, Senhor de Winterfell, sendo convocado para King’s Landing para servir como Mão do Rei ao seu velho amigo, o Rei Robert Baratheon. A partir daí, expande-se rapidamente em escopo e ambição, adicionando níveis shakespeareanos de drama nobre e reviravoltas chocantes na trama. A infame decapitação do herói Ned continua a ser um dos momentos mais impactantes de toda a série.
O livro é simplesmente tão bem construído. O diálogo é ótimo, a intriga é viciante e as cenas de batalha são intensas. A Guerra dos Tronos também é sombrio e duro desde o início, com personagens a encontrarem destinos horríveis, como serem cobertas com ouro semi-derretido. Praticamente cada capítulo termina num gancho, impulsionando o leitor adiante e fazendo com que as suas 700 e poucas páginas voem.
“O medo corta mais fundo do que espadas.” O livro mais bem classificado de Martin no Goodreads é a terceira entrada em ASOIAF. Neste, a Guerra dos Cinco Reis continua, com Robb, Joffrey, Stannis, Balon Greyjoy e Renly a competirem pelo trono. A traição e a perfídia abundam, levando a momentos chocantes e decisivos, como o infame Casamento Vermelho e o assassinato de Joffrey. Jon e Daenerys também têm enredos monumentais: o primeiro vai para além da Muralha, enquanto a segunda reúne um exército em Essos.
A Tormenta das Espadas é um romance enorme, com quase 1000 páginas, mas nunca se arrasta ou parece cansativo. É a mistura perfeita de emoções de fantasia – dragões, cavaleiros, magia, batalhas, bestas misteriosas – e rica caracterização, com figuras como Daenerys e Jaime a revelarem-se complexas e muitas vezes contraditórias. Esta pode ser a força central da série: evitar binários simplistas e, em vez disso, olhar para tudo em tons de cinza.
