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    Home»Livros»Modernidade Liquida – CAPÍTULO 2 – INDIVIDUALIDADE – Resumo
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    Modernidade Liquida – CAPÍTULO 2 – INDIVIDUALIDADE – Resumo

    Fernando ChaúqueBy Fernando Chaúque15/08/2023Updated:15/08/2023Sem comentários8 Mins Read
    Modernidade Liquida - Zygmunt BAUMAN – Resumo de todo o livro
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    Modernidade líquida – CAPÍTULO 1: EMANCIPAÇÃO – Resumo AQUI

    Modernidade Liquida – CAPÍTULO 2 – INDIVIDUALIDADE – Resumo

    O mundo literário do século XX, na sua segunda metade, foi dominado por duas obras distópicas, Admirável Mundo Novo de Huxley e 1984 de Orwell. Estes dois livros prenunciavam, ainda que metaforicamente, o futuro da humanidade. Portanto, nas entrelinhas sugeriam que, no tempo vindouro, a liberdade individual seria eliminada dando espaço ao controlo total de cada movimento humano por um determinado Comando superior.

    É evidente que, na visão destes dois autores, o mundo futuro seria totalmente governado por uma elite de supostos projectistas, supervisores, administradores da modernidade, que desempenhariam papeis determinantes e ditariam toda a vida dos indivíduos comuns.

    Zygmunt Bauman invoca Nigel Thrift ao postular que Admirável Mundo Novo e 1984 podem ser vistos como um discurso de Joshua que é, praticamente, o discurso da ordem pela ordem, o discurso ordeiro que não precisa da justificativa final da criação da ordem opondo-se ao discurso do Génesis, em que o caos, ausência da dura obediência a preceitos transcendentais,  é a regra e a ordem a excepção.

    Neste contexto, o discurso de Joshua é uma analogia para a modernidade sólida, que funcionava sob um modelo fordista de regulação, da separação do trabalho intelectual do físico, da dominação sobre os trabalhadores protagonizada pelos administradores e que vem cada vez mais sendo substituída pelo discurso do Génesis.

    De facto, os indivíduos da modernidade sólida, confiavam na administração, na regulação e na equipe de controle contudo, na modernidade líquida, os indivíduos vêem-se como principais responsáveis por diversas tarefas que antes eram decididas por equipes especializadas. Sendo assim, o mundo transforma-se em um campo cheio de inúmeras possibilidades. Por conta disso, hoje em dia, não se pretende melhorar a eficiência de uma acção que precisa ser feita, mas sim, cada indivíduo é obcecado pelos valores das acções e não pelos fins que as acções ajudariam a manter.

    Portanto, Bauman, defende que esta realidade lembra uma mesa bufê esperando que  tudo que abarca seja, até certo ponto, consumido. Aqui, evidentemente, a principal preocupação do consumidor é saber se utilizou os meios certos para conseguir consumir um pouco de tudo, para conseguir acumular o máximo de experiências. Sendo assim, pode-se dizer que, na concepção deste autor, a modernidade líquida não significa a decadência das regras; corresponde ao fim das autoridades totalmente absolutas para ditar que identidade cada indivíduo deve corporificar. Ou seja, o que o capitalismo leve fez foi multiplicar o número dessas autoridades até um índice tão grande que cada uma delas não tem mais autoridade nenhuma: o único elemento com autoridade é aquele que escolhe, pois é somente através da escolha que a autoridade escolhida se torna de fato uma autoridade.

    Adiante, Bauman convoca Jane Fonda ao aconselhar a sociedade pós-moderna a definir que o corpo é sua propriedade e sua responsabilidade, portanto, somente ela própria pode encontrar um jeito de deixá-lo adequado e, caso não consiga, sempre será culpa dela própria. Neste caso, a palavra corpo vem significar seu próprio trabalho, seu esforço, seu tempo gasto.

    Ancorado ao facto de Fonda ser uma figura pública e através dos media poder influenciar a sociedade, Bauman afirma que os programas de televisão, actualmente, servem como exemplo de um movimento maior que podem influenciar cada indivíduo. Portanto, o indivíduo da modernidade líquida é visto como alguém que compra sua identidade e é impulsionado a mostrá-la, não só porque ele é aquilo que ele parece ser, mas também porque aquilo que ele parece ser é a coisa mais importante que ele pode ser. A política-vida toma o lugar de importância que a Política ocupava, fazendo da vida privada o melhor objecto para a discussão pública e tornando o ato de se mostrar, de se exibir, de revelar segredos, em uma acção política relevante.

    O consumo imensurável de vida privada, instiga os indivíduos a procurarem um espelho, não autoridade e nem líderes. Ninguém quer ser guiado, as pessoas querem ver maneiras de fazer com as suas vidas aquilo que uma outra pessoa já fez por si e conseguiu sobressair por conta dela.  Contudo, esta incansável procura por conselhos é um vício difícil de ultrapassar. Quanto mais conselhos se pede, maior fica a necessidade de viver a partir de conselhos. Na realidade, o homem não tem a opção de não ser aconselhado, assim com  de não consumir. Algum tipo de consumo é necessário, incentivado e incutido. O foco do consumo actual não é sobre a necessidade, que se refere à satisfação de uma ausência interna, delimitada por factores como a fome, a sede, a moradia, a educação; o consumismo actual actua sobre o desejo, essa instância sem fim, sem delimitação, pura falta, nunca satisfeita, que aponta para diferentes objectos em pouco tempo.

    Porém, o desejo não constitui naturalmente o consumidor, é necessário fabricar uma individualidade que tome o desejo como base para preparar o acto do consumo. Essa fabricação não é  fácil, ela exige que parte da produção seja destinada a esse tipo de trabalho. Bauman adopta a perspectiva do sociólogo Harvie Ferguson, que não identifica a sociedade actual com base no desejo, mas sim com base no querer, uma força motivadora que ultrapassa o jargão do desejo de que “eu sou aquilo que eu tenho”, pois o “ter” tem limite, já a produção no capitalismo avançado não pode parar – e o consumo não deve terminar.

    Nesta ideia, o consumidor precisa estar aberto às novidades que o mercado fornece, deve estar preparado para se adequar ao mundo de incertezas e ser flexível o bastante para consumir tudo. Sendo assim, os indivíduos da modernidade líquida não precisam ser normais, mas sim aptos. A aptidão é relacionada com a possibilidade prática de se fazer ou sentir algo diferente a cada instante, sem se saber até quando durará.

    Agora, a identidade assim como a individualidade é um artigo que os indivíduos actuais podem adquirir nas prateleiras do supermercado. É perante a selecção individual da própria identidade que o indivíduo pós-moderno pode realizar as fantasias que cria para a sua própria vida. deste modo, é possível fazer e desfazer-se de uma identidade quando quiser, quantas vezes forem necessárias.

    Portanto, esta maneira específica de lidar com a identidade tem ligação com o mundo vivido, já que a produção de mercadorias duráveis vem deixando de ser a ordem e dando espaço para a obsolescência programada há décadas. A produção de produtos manufacturados para durar pouco e serem substituídas por outras é um princípio da identidade pós-moderna, que dura o tempo necessário para ser aproveitada e é substituída logo em seguida por outra que possa dar mais vantagem estratégia para o indivíduo. Deste modo, o individuo deve estar sempre preparado para as novidades do mundo das identidades e ser flexível o bastante para jogar a sua actual identidade no lixo e comprar uma nova.

    Relativamente ao poder, Bauman afirma que, ela é o canal que opera nessas identidades, já que sua estratégia envolve a descartabilidade do mundo como um todo. Em vez de individualizar e vigiar cada pessoa, a estratégia actual do poder é o que Thomas Mathiesen chama de sinóptica. Parte da sedução que o poder opera para conquistar cada informação que precisa dos indivíduo. O poder se revela como livre-arbítrio, não como coerção externa. A possibilidade de escolher entre diversas identidades é parte da estratégia do poder, como dito, para tornar o mundo essencialmente descartável, operando através da liberdade do consumidor (de identidades, no caso) pós-moderno.

    É notável que, o mundo sinóptico, da sedução, por sua vez precisa do elemento do querer como dominante em relação ao desejo, pois somente assim as trocas de produtos descartáveis podem ser feitas indefinidamente. Se a identidade entra nesta dinâmica, então é somente a partir do querer que o indivíduo pode ser o que quiser a hora que quiser, não somente em relação àquilo que pode de fato ser (um judeu pode ser nazista?), mas somente em relação àquilo que quer ser. Este ser, por sua vez, é só um artifício linguístico, pois não há um ser, mas somente um estado de coisas prestes a se modificar.

    Em suma, a mobilidade e a flexibilidade da identificação que caracterizam a vida do “ir às compras” não são tantos veículos de emancipação quanto instrumentos de redistribuição das liberdades. Sendo assim, são por isso bênçãos mistas. Podem ser vistas tanto como tentadoras e desejadas quanto repulsivas e temidas, e despertam os sentimentos mais diversos possíveis. Nesta visão, transforma-se em valores altamente ambivalentes que tendem a gerar reacções incoerentes e quase neuróticas. Por outra, diante das inúmeras oportunidades, multiplicam-se as ameaças de desestruturação, fragmentação e desarticulação. A tarefa da auto-identificação gera resultados destrutivos ao abrir espaço para a existência de uma enorme série desavenças. Já que a tarefa compartilhada por todos tem que ser realizada por cada um sob condições inteiramente diferentes, divide as situações humanas e induz à competição mais ríspida, em vez de unificar uma condição humana inclinada a gerar cooperação e solidariedade.

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    Fernando Chaúque
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    FERNANDO ABSALÃO CHAÚQUE Licenciado em Ensino de Língua Inglesa pela Universidade Pedagógica de Maputo, é professor de profissão. É também escritor, autor do livro “Âncora no Ventre do Tempo” (2021), Prémio Literário Alcance Editores, edição de 2019, e co-autor das seguintes obras: “Barca Oblonga” (editora Fundza, 2022), “Mazamera Sefreu” (editora Kulera, 2023) e “Atravessar a pele” (Oitenta Noventa, 2023). Fez parte dos livros “Os olhos Deslumbrados” (FFLC, 2021); “Um natal experimental e outros contos” (Gala Gala edições, 2021).

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