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    Home»Música»Human Nature (ou em busca da natureza humana)
    Música

    Human Nature (ou em busca da natureza humana)

    Fernando ChaúqueBy Fernando Chaúque04/06/2025Updated:04/06/20251 comentário4 Mins Read
    Human Nature (ou em busca na natureza humana)
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    Cresci ouvindo estes sons mesmo quando não sabia quem os cantava. Na tenra idade, totalmente imaturo e inconsciente, ouvia-os nos corredores do bairro e na vizinhança. Um pouco mais tarde, quando já ajeitava alguns passos ao som daquelas emblemáticas músicas, elaborei a teoria de que nenhum outro músico chegaria aos pés do Michael Jackson (MJ). Não enxergava e ainda não enxergo, no meu imaginário, um homem que fez as coisas à semelhança do MJ – cantar, dançar e entusiasmar as pessoas. Tínhamo-lo por perto e distante, era-nos intocável e íntimo, ao mesmo tempo. Amávamo-lo por vários motivos, mas também detestávamo-lo por nunca nos dar as suas faces fisicamente.

    Já não tenho em mente o nome do mano que inventou a história de que Michael Jackson era descendente de moçambicanos que se tinham radicado nos Estados Unidos. Já não me lembro do mano, mas posso garantir-te que a sua invenção ilusória correu pelos corredores do bairro, como se realmente MJ pudesse, na primeira pessoa, pronunciar-se e assumir a sua relação intrínseca com Moçambique e a sua cultura. Esta teoria residia ao lado da verdade para o povo não-falante de inglês, por conta das “dublagens falsas” que circulavam em línguas bantu nacionais. Em changana, por exemplo, cantávamos “Bad” com toda a pompa que se exigia, e acreditávamos que, nesta música em particular, MJ tinha decidido homenagear as suas origens moçambicanas e changanas, pondo-se a glorificar a “mathapa (folhas de mandioca)” e a gastronomia nacional.

    Ouvíamos a palavra “mathapa” ao longo de “Bad” como se realmente se dissesse “mathapa”. Houve tantas outras músicas “dubladas” e associadas a Moçambique e ao seu povo… O homem está presente nas nossas vidas, mesmo morto. Só morreu a carne, mas o homem está vivo em cada um de nós, principalmente em cada uma daquelas crianças que cantavam “Bad” à sua maneira.

    Por conta própria, já crescidinho e ciente das minhas limitações analíticas, dei-me ao trabalho de reapreciar MJ a partir de “Off The Wall”, passando por “Thriller”, “Dangerous” e “Invincible”. Neste exercício de reavaliação dos álbuns do mitológico rei do pop, cheguei a uma evidente conclusão: o homem nunca cantou sobre Moçambique, nunca pronunciou uma palavra sequer em línguas bantu; até podia ter descendência africana, mas não era moçambicano, e nenhuma pesquisa afirma que o homem teria passado por Moçambique. Sortudos são os brasileiros, não os moçambicanos. Foi na favela brasileira que MJ gravou um vídeo, não no subúrbio moçambicano. Sobre Moçambique cantou Bob Dylan, mas ninguém sabe dizer se ele pisou esta terra.

    A segunda conclusão da minha reavaliação foi a seguinte: “Human Nature” é a mais perfeita música da autoria de MJ. Até Miles Davis deu-se ao trabalho de fazer uma remix daquele som, usando apenas o seu mágico trompete. Aliás, não é por acaso que Stevie Wonder, recorrendo à magia da sua voz, volta sempre ao mesmo tema para maravilhar o seu público em espectáculos diversos.

     

    “Human Nature” é aquele som que vários músicos gostariam de ter escrito e cantado. É aquela melodia que celebra a boa composição musical. Para mim, “Human Nature” sabe melhor romantizar a nostalgia e a melancolia. É aquele som que me conecta a uma nostalgia imaginária, como se o simples acto de escutar significasse cultivar saudades. Escuto “Human Nature” e sinto saudades, saudades daquele passado imaturo, ingénuo, inocente e livre das pressões sociais e individuais.

    MJ inventou esta música para que nos lembrássemos daquele passado alegre que, entretanto, transformou-se em dor por ser inalcançável. Ainda vejo os meus amigos, querendo cantar e dançar como MJ, lembro-me também daqueles que queriam ser jogadores de futebol, outros actores do cinema. Eu só queria ser escritor, para inventar histórias e dar voz a coisas que me ocorrem na mente. Entretanto, entre sonhos, desilusões, realidades, pessimismos e receios, descobri que tudo isto faz parte da natureza humana, não tem nada que ver com ser bom ou mau, inteligente ou menos esperto. MJ quis dizer que esta coisa que chamamos vida é uma incógnita e, por isso, cada um de nós deve buscar a sua verdadeira natureza humana.

    Por Albert Dalela

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    Fernando Chaúque
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    FERNANDO ABSALÃO CHAÚQUE Licenciado em Ensino de Língua Inglesa pela Universidade Pedagógica de Maputo, é professor de profissão. É também escritor, autor do livro “Âncora no Ventre do Tempo” (2021), Prémio Literário Alcance Editores, edição de 2019, e co-autor das seguintes obras: “Barca Oblonga” (editora Fundza, 2022), “Mazamera Sefreu” (editora Kulera, 2023) e “Atravessar a pele” (Oitenta Noventa, 2023). Fez parte dos livros “Os olhos Deslumbrados” (FFLC, 2021); “Um natal experimental e outros contos” (Gala Gala edições, 2021).

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    1 comentário

    1. Ericson Sembuer on 04/06/2025 3:25 pm

      1. O maior músico negro da história;
      2. O maior músico branco da história;
      3. O maior músico da história.

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