I
Moçambique,
a ferro e fogo,
país da impunidade,
país das injustiças.
Colono preto, Basta!
Basta! colono preto.
Semeaste terror, luto
e dor,
no coração do povo,
silenciaste muitas vozes,
tiraste muitas vidas e
roubaste muitos sonhos.
Sinto na minha pele,
na minha carne, e na minha alma,
as mazelas provocadas
pela colonização do preto como eu,
O diabo preto, superou o diabo branco.
II
Basta! a nova colonização.
Basta! colono preto.
Colono preto, Basta!
Basta! o neocolonialismo.
Tu és o grande dragão vermelho,
com três cabeças: o poder legislativo,
executivo e judiciário,
e três chifres: as forças de defesa,
a polícia e a impresa.
E uma coroa em cada cabeça:
os cobardes lambe-botas.
III
Colono preto, Basta!
Basta! colono preto.
Moçambique,
nação desigual,
onde hoje reina a morte,
a fome, a miséria, e o ódio,
a falsa ordem, a barbárie,
as desigualdades e a desvalorização
dos indivíduos.
Onde ficam
os direitos humanos?
Quanto vale
a vida humana?
Quem é dono
do país?
O país é propriedade
de todo o povo moçambicano.
Julgas-te o dono e senhor
do país,
despota
independentista, filho ingrato
da pátria amada.
Culpas o colonialismo europeu,
pela tua desgovernação.
É triste ver a nação,
mergulhada nesta turbulência
profunda.
O que mais me revolta,
é o sangue do povo derramado
no nosso solo pátrio.
O futuro de uma nação inteira
acorrentado pela ditadura do voto,
pela democracia ditatorial.
IV
Colono preto, Basta!
Basta! colono preto
A mãe moçambicana chora,
lágrimas em tons de pátria,
pela vida dura deste povo.
Eu chorei Cistac,
Amurane, e Daviz Simango.
Hoje, choro Azagaia, Hortêncio Langa,
Elvino Dias e Paulo Guambe,
a seiva da árvore moçambicana.
Todo o meu peito,
sente as dores do país,
do passado e do presente,
o desejo de liberdade
sufocado pelo regime.
Colono preto, Basta!
Basta, colono preto.
V
Eu tenho um sonho,
sonho a verdadeira democracia
e liberdade,
sonho um Moçambique,
verdadeiramente libertado.
Desperta
Moçambique,
Do zumbo ao índico,
Do rovuma ao Maputo,
Desperta
para a revolução,
Desperta
para união,
minha pátria amada,
Soberano é o povo.
Por Morgado Mbalate
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Basta colono preto
Que Deus tenha misericórdia de Moçambique