Ano Novo, velhos problemas. Velho Regime, velho bairro que há décadas é de caniço, onde residentes têm a sorte de abundância de água quando chega a chuva que troca a bênção por lágrimas, pois essas águas são tão abundantes que se abrigam em seus aconchegos.
Ano Novo, velhos problemas. Velho Presidente passeando na Colômbia ou vulgo Bairro Militar para disfarçar que ainda há um governo, mesmo quando ele próprio está “socialmente” impedido de circular em outras geografias onde não resida a maioria militar. Ano Novo, velhos problemas onde uma Comitiva Presidencial percorre quilómetros para inaugurar um poço de água. – Uma contradição orçamental normalizada.
Ano Novo, velho hospital, aliás velho descontentamento do Médico ou do seu auxiliar que vê o paciente em estado grave como potencial cliente. Velha Educação cuja História se resume na “glorificada” Frelimo e no Primeiro Tiro de Alberto Chipande. O ano novo segue a ordem cronológica dimensionada por uma outra ordem que não respeita aos que nascem com uma vida parcialmente amputada.
Novo Ano, velhos problemas para brincar de Revolução mesmo odiando livros ou quaisquer ferramentas de relevância para quem queira carregar o fardo, a bandeira que possa fazer emergir um patriotismo genuíno. Ano Novo, velhos problemas para se brincar de Activismos que, sem patrocínio, o activista se recolhe nas prateleiras do silêncio, indiferente e frustrado, não com a paupérrima realidade das ruas, mas com os zeros que somem quando ninguém financia a “causa”.
Ano Novo, velhos problemas com intelectuais cuja base de convencimento são “portantos” no início de uma locução. São mesmos intelectuais que quando embriagados confessam a sua malícia e ignorância nos amigos mais chegados. Intelectuais que dominam as marcas de roupas preferidas do Presidente que o significado cultural de uma simples avenida pela Cidade.
Ano Novo, velhos problemas para um jornalismo evangélico ou pastoral que quase se acomoda em cobrir agendas do governo sem um ponto de pergunta que limite o baile de Anúncio de Boa Nova num país onde há crianças que não são daltónicas, porém não lhe resta outra cor senão o preto que representa tudo quanto é miséria na comunidade adentro.
Por Jorge Zamba