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    Livros

    Excertos do livro “A Varanda do Frangipani”, de Mia Couto

    Fernando ChaúqueBy Fernando Chaúque04/02/2024Updated:04/02/2024Sem comentários4 Mins Read
    Excertos do livro A Varanda do Frangipani, de Mia Couto
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    Fácil é explicar a origem da vida nos seres humanos, embora, teorias diversas defendam que a vida provém de fontes variadas. Existem teorias como a da evolução das espécies, que advogam que o Homem é obra da evolução ao longo do tempo, da ínfima partícula para uma substância consistente. E teorias como a determinista, defendem que o Homem é resultado do meio que o rodeia, ou seja, a evolução do Homem é explicada pelo meio em que está inserido.

    Várias são as explicações que buscam clarificar a génese da vida no Homem; e a morte, quem busca explica-lá? Continua um mistério que assusta até os mais doutos deste planeta; continua um assunto que mexe com a sensibilidade de todos, até dos que têm “pedra” no lugar do coração. A morte é um assunto comentado por todos, mas ninguém a explica com exactidão.

    Numa tentativa de explicar a morte nas terras desconhecidas da ilha São Nicolau, Izidine Naíta inspector da polícia, é incumbido a tarefa de desvendar o mistério por detrás do desaparecimento físico de Vasto Excelêncio. Esse é o enredo que Mia Couto traz n‘A Varanda do Frangipani. A história é narrada por um morto apelidado Ermelindo Mucanga, que brinca de ser alma no corpo do inspector Izidine Naíta, ao mesmo tempo que é testemunha das incursões do inspector na busca pelo esclarecimento da misteriosa morte do garboso Excelêncio. 

    A trama desfia-se entre as lúcidas loucuras dos velhos do asilo São Nicolau, e as intermitências insanas da enfermeira Marta Gimo. E desses devaneios dos personagens que erguem o livro, saberes gravitam nas entrelinhas para moldarem nossas pegadas nesta jornada chamada vida. Abaixo estão alguns pensamentos deixados pelas “figuras dramáticas” do livro.

    1. A pessoa deve sair do mundo tal igual como nasceu, enrolada em poupança de tamanho;
    2. Coisa que brilha é chamatriz da maldição;
    3. Um herói é como o santo. Ninguém lhe ama de verdade. Se lembram dele em urgências pessoais e aflições nacionais;
    4. O veneno, em doses, nos dá mais vivência;
    5. Um vivo pisa o chão, um morto é pisado pelo chão;
    6. Limpavam-se os campos dos maus-olhados;
    7. A boca fala mas não aponta;
    8. Se não há proprietário não há roubo;
    9. O silêncio é que fabrica as janelas por onde o mundo se transparenta;
    10. Quem é gota sempre pinga, quem é cacimbo se evapora;
    11. Entre os mil bichos, só o homem é um escutador de silêncios;
    12. A vida da pessoa se estende por anos, demorada como um desembrulho que nunca mais encontra as destinadas mãos;
    13. A gente se arrepia por vermos confirmados os buracos por onde nos vamos escoando;
    14. O que se encontra nesta vida não resulta de procurarmos;
    15. O mar… carrega mais traição que ondas;
    16. Quem confunde céu e água acaba por não distinguir vida e morte;
    17. A velhice… é… a morte estagiando em nosso corpo;
    18. Quando se é velho toda a hora é de conversa;
    19. Os anjos não têm pés;
    20. Ser branco não é assunto que venha da raça;
    21. O tempo é um fumo, nos vai secando as carnes;
    22. Branco é como camaleão, nunca desenrola todo o rabo;
    23. Nascemos com o umbigo na barriga, morremos no oposto;
    24. Somos todos parentes saídos da mesma matéria;
    25. Ninguém obedece senão em fingimento;
    26. Uma velha sempre arrisca a ser olhada como feiticeira;
    27. As coisas começam mesmo antes de nascerem;
    28. A morte é como uma nudez: depois de se ver quer-se tocar;
    29. Cada qual tem tristezas que são maiores que a humanidade;
    30. Os mortos se agarram à alma e nos arrastam com eles para as profundezas;
    31. Os mortos servem para apodrecer a pele deste mundo;
    32. De onde saiu sangue não pode escorrer leite;
    33. A vida é uma casa com duas portas;
    34. Todos temos nossos desconhecimentos;
    35. Quem quer apanhar o gafanhoto tem que se sujar na terra;
    36. A velhice não… dá nenhuma sabedoria, simplesmente autoriza outras loucuras;
    37. A vida é a maior bandoleira: sabemos que existimos apenas por sustos e emboscadas;
    38. As mulheres que vêem seus filhos morrer ficam cegas;
    39. Os sonhos são como as nuvens: nada nos pertence senão a sua sombra;
    40. Nós nada descobrimos. As coisas se revelam;
    41. A cobra pode reinstalar-se na pele que largou?
    42. Um viajante nunca deve partir no crepúsculo.

    A Varanda do Frangipani faz-se de saberes que tornam a vida mais leve que a pena de uma ave gravitando pelos ares; e para melhor interpretação e compreensão das frases acima expostas, é lendo o livro; por isso, é convidado, caro leitor, a mergulhar nas entrelinhas do Frangipani, afogar-se no discurso dos velhos, nas intermitências da Gimo, no ensejo do Ermelindo, nas penumbras do Izidine e garimpar os saberes expostos no aroma floral da frangipaneira. Desejo-lhe uma agradável leitura e releitura (para quem já leu o livro)!

    “A vida é o intervalo entre o tempo e a morte” – Flash Enccy.

    Por Arnaldo Tembe

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    Fernando Chaúque
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    FERNANDO ABSALÃO CHAÚQUE Licenciado em Ensino de Língua Inglesa pela Universidade Pedagógica de Maputo, é professor de profissão. É também escritor, autor do livro “Âncora no Ventre do Tempo” (2021), Prémio Literário Alcance Editores, edição de 2019, e co-autor das seguintes obras: “Barca Oblonga” (editora Fundza, 2022), “Mazamera Sefreu” (editora Kulera, 2023) e “Atravessar a pele” (Oitenta Noventa, 2023). Fez parte dos livros “Os olhos Deslumbrados” (FFLC, 2021); “Um natal experimental e outros contos” (Gala Gala edições, 2021).

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